Olivia Merquior | O Sistema de Moda

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[Parte 1] O QUE É A MODA?

[Parte 1] O QUE É A MODA?

Para deixar de sofrer com ela, precisamos compreender suas raízes.

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Olivia Merquior
jun 13, 2024
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[Parte 1] O QUE É A MODA?
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Coperni

Com as novas redes de comunicação, a informação parece estar sempre disponível. No entanto, com tantos estímulos sobre o presente, pílulas sobre o passado e profecias sobre o futuro, um entendimento mais profundo das coisas parece se tornar complexo demais, demorado demais, inútil. Existe uma máxima na moda que diz que ela não gosta do passado. De vez em sempre ouço: “A gente tem que olhar para a frente. Esquece o que já foi”.

Comecei uma pesquisa boba outro dia no ChatGPT sobre nomes e eventos importantes da moda no Brasil. Fiquei surpresa que quase todas as respostas eram evasivas ou inventadas. Minha surpresa não foi por acreditar no ChatGPT, quem fez minhas aulas em 2023 sabe que eu estou bastante ciente das “alucinações” da máquina. Que a máquina inventa, mente, eu sei. O que me surpreendeu foi a desproporção de respostas erradas entre perguntas relacionadas à história da moda brasileira e à europeia ou americana. Intrigada, fui procurar alguns nomes na Wikipedia. O verbete sobre Regina Guerreiro tem literalmente 4 linhas e nenhuma versão traduzida para outras línguas. Apenas para termos de comparação, Diana Vreeland tem 16 parágrafos, uma lista de referências e está disponível em 17 línguas. OK, talvez uma melhor referência comparativa à Vreeland seja Costanza Pascolato: 5 parágrafos, uma pequena lista de referências e disponível também em inglês (1 língua além da nacional). Mesmo assim, a desproporção é evidente. Nova pesquisa: Patricia Carta. Uma vida dedicada à moda e míseras 4 linhas de bio e sem outros idiomas.

Você pode dizer que a Wikipedia é um lixo e que muita coisa estranha entra ali. Podemos concordar em parte. Como uma enciclopédia livre e gerida pela sua própria comunidade, ela representa o interesse das pessoas sobre um assunto.

Como já disse Susan Sontag: “fotografar é atribuir importância”; nesse caso, criar uma memória sobre a moda brasileira também.

Fora da Wikipedia, o vazio de informações permanece. Procure, por exemplo, a linha do tempo do expediente da Vogue Brasil ao longo das últimas quase cinco décadas. Os registros são tão pouco importantes que, em matérias de jornais respeitáveis sobre a morte de Luis Carta, a data de fundação da Vogue Brasil varia entre 1975 e 1976. Você sabe quem foi Luis Carta? Imagino que 99% dos leitores deste texto também não. Se seguirmos para os livros, aí realmente a concorrência é desleal. Os poucos bravos pesquisadores terminam, quando com sorte, em publicações com design ruim e papel de baixa qualidade, o que na moda chega a ser uma ofensa. Fora João Braga e Luis André do Prado, que publicaram “História da Moda no Brasil” em 2011 (obrigada!), a grande maioria que faz sucesso são livros de marketing que nadam em algum hype americano.

Regina Guerreiro e a capa com Caetano Veloso de 1987

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